"Um
evento para o nosso tempo.” Assim está sendo definido o lançamento do livro
“Uma subversiva no fio da história”, do jornalista Emilio Azevedo, que ocorrerá
no próximo dia 14 de dezembro, às 19h, no Teatro João do Vale (Praia Grande) e
que será marcado por um show da cantora Tássia Campos. O show é inspirado no
livro. Mas, como diz Tássia, “ele tem vida própria”. “O que eu e Emilio queremos é que o show, de
certo modo, amplie o discurso do livro”.
O
trabalho de Emilio Azevedo traz nove reportagens sobre a médica comunista Maria
Aragão e o tempo em que ela viveu. Ele parte de cinquenta e uma entrevistas,
feitas entre os anos de 2007 e 2009. A partir da vida de Maria, o livro fala
dos conflitos de gênero e da luta feminista; da medicina e suas questões éticas;
da ditadura e do golpe de 1964; de poderosas oligarquias; da imprensa popular;
de organizações e movimentos sociais; da relação entre igreja e política; além
do mito criado em torno da subversiva maranhense.
Segundo
o autor, o livro trata de uma mulher negra que foi “aliada política dos pobres
e miseráveis”, da história de “uma médica despojada, presa por razões
ideológicas nas décadas de 1950, 60 e 70. Que se impôs diante de diferentes
preconceitos e foi torturada por uma ditadura, quando era uma senhora com mais
de 60 anos”.
Emilio
Azevedo lembra que “Maria Aragão foi pejorativamente chamada de prostituta
pelos religiosos de sua época, acusada de ter pacto com o diabo”. Tempos
depois, “tornou-se referências para cristãos libertários”. Nascida no Maranhão,
em 1910, fundou um jornal alternativo e fez oposição às oligarquias que
encontrou pela frente. O livro debate o fato de, por conta da ação política de
Maria, “a cidade de São Luís ter ganho uma obra projetada por Oscar Niemayer,
um dos arquitetos de maior notoriedade no século XX”.
A
partir das nove reportagens, “Uma subversiva no fio da história” propõe uma
reflexão sobre a importância da vida de Maria Aragão e deixa no ar as perguntas:
“além de uma praça-memorial na capital maranhense, o que essa luta deixou para
a atual e as futuras gerações? O que fica como valor educativo? Qual seu legado
para um país marcado pela profunda desigualdade social e conflito de
valores?”.
O
show de Tássia Campos vai reunir canções de diferentes épocas, a partir do
talento de vários compositores e intérpretes. No dia 14 de dezembro passarão
pelo palco do João do Vale obras de Chiquinha Gonzaga, Dolores Durans, Nara
Leão, Mercedes Sosa, Rebeca Lane, Chico Buarque de Holanda, Secos e Molhados,
Cesar Teixeira, Milton Nascimento, Manu Chao, Pablo Milanés, Marcos Magah,
Johnny Hoocker, Zé Keti, Milton Nascimento, Sergio Sampaio, Gilberto Gil, entre
outros.
Sobre
Tássia Campos
Tássia
começou a cantar aos 15 anos. Seu repertório é eclético, incluindo samba,
reggae, bossa nova, rock, soul, blues, jazz, rap. Interpreta em português,
inglês e castelhano. Nascida no bairro da Liberdade, lembra que “cresceu
embalada pelas zabumbas do Boi de Leonardo”.
Em 2015, ganhou o prêmio de melhor show do ano, em São Luís, oferecido pela
Rádio Universidade FM, com Uma é pouco, duas é bom e três é bem melhor, onde
dividiu o palco com Camila Boueri e Milla Camões. Em 2016, entre os vários
shows deTássia, ficou marcado
“Encontrando Belchior”.
Sobre
Emilio Azevedo
Em
pouco mais de 20 anos de carreira, Emilio trabalhou em vários locais, incluindo
o Jornal Pequeno, onde ficou de 1999 a 2001, tendo depois publicado vários
artigos no JP.Desde 2009, ele dedica-se a chamada “mídia livre”, sendo um dos
fundadores do jornal Vias de Fato, projeto de comunicação alternativa. Uma
subversiva no fio da história é o seu terceiro livro. Antes, publicou Havana,
dezembro de 1999 (2000) e O Caso do Convento das Mercês (2006). Participou
também de outros dois livros, a segunda edição de Grilagem: corrupção e
violência em terras do Carajás (2009), do padre canadense Victor Asselin, e de
Maranhão ensaio de biografia e história (2011), organizado pelos historiadores
Yuri Costa e Marcelo ChecheGalves.