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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Livro e show inspirados em Maria Aragão

     "Um evento para o nosso tempo.” Assim está sendo definido o lançamento do livro “Uma subversiva no fio da história”, do jornalista Emilio Azevedo, que ocorrerá no próximo dia 14 de dezembro, às 19h, no Teatro João do Vale (Praia Grande) e que será marcado por um show da cantora Tássia Campos. O show é inspirado no livro. Mas, como diz Tássia, “ele tem vida própria”.  “O que eu e Emilio queremos é que o show, de certo modo, amplie o discurso do livro”.
     O trabalho de Emilio Azevedo traz nove reportagens sobre a médica comunista Maria Aragão e o tempo em que ela viveu. Ele parte de cinquenta e uma entrevistas, feitas entre os anos de 2007 e 2009. A partir da vida de Maria, o livro fala dos conflitos de gênero e da luta feminista; da medicina e suas questões éticas; da ditadura e do golpe de 1964; de poderosas oligarquias; da imprensa popular; de organizações e movimentos sociais; da relação entre igreja e política; além do mito criado em torno da subversiva maranhense.
     Segundo o autor, o livro trata de uma mulher negra que foi “aliada política dos pobres e miseráveis”, da história de “uma médica despojada, presa por razões ideológicas nas décadas de 1950, 60 e 70. Que se impôs diante de diferentes preconceitos e foi torturada por uma ditadura, quando era uma senhora com mais de 60 anos”.
     Emilio Azevedo lembra que “Maria Aragão foi pejorativamente chamada de prostituta pelos religiosos de sua época, acusada de ter pacto com o diabo”. Tempos depois, “tornou-se referências para cristãos libertários”. Nascida no Maranhão, em 1910, fundou um jornal alternativo e fez oposição às oligarquias que encontrou pela frente. O livro debate o fato de, por conta da ação política de Maria, “a cidade de São Luís ter ganho uma obra projetada por Oscar Niemayer, um dos arquitetos de maior notoriedade no século XX”.
     A partir das nove reportagens, “Uma subversiva no fio da história” propõe uma reflexão sobre a importância da vida de Maria Aragão e deixa no ar as perguntas: “além de uma praça-memorial na capital maranhense, o que essa luta deixou para a atual e as futuras gerações? O que fica como valor educativo? Qual seu legado para um país marcado pela profunda desigualdade social e conflito de valores?”. 
     O show de Tássia Campos vai reunir canções de diferentes épocas, a partir do talento de vários compositores e intérpretes. No dia 14 de dezembro passarão pelo palco do João do Vale obras de Chiquinha Gonzaga, Dolores Durans, Nara Leão, Mercedes Sosa, Rebeca Lane, Chico Buarque de Holanda, Secos e Molhados, Cesar Teixeira, Milton Nascimento, Manu Chao, Pablo Milanés, Marcos Magah, Johnny Hoocker, Zé Keti, Milton Nascimento, Sergio Sampaio, Gilberto Gil, entre outros.

Sobre Tássia Campos
     Tássia começou a cantar aos 15 anos. Seu repertório é eclético, incluindo samba, reggae, bossa nova, rock, soul, blues, jazz, rap. Interpreta em português, inglês e castelhano. Nascida no bairro da Liberdade, lembra que “cresceu embalada pelas zabumbas do Boi de Leonardo”.  Em 2015, ganhou o prêmio de melhor show do ano, em São Luís, oferecido pela Rádio Universidade FM, com Uma é pouco, duas é bom e três é bem melhor, onde dividiu o palco com Camila Boueri e Milla Camões. Em 2016, entre os vários shows  deTássia, ficou marcado “Encontrando Belchior”.

Sobre Emilio Azevedo
     Em pouco mais de 20 anos de carreira, Emilio trabalhou em vários locais, incluindo o Jornal Pequeno, onde ficou de 1999 a 2001, tendo depois publicado vários artigos no JP.Desde 2009, ele dedica-se a chamada “mídia livre”, sendo um dos fundadores do jornal Vias de Fato, projeto de comunicação alternativa. Uma subversiva no fio da história é o seu terceiro livro. Antes, publicou Havana, dezembro de 1999 (2000) e O Caso do Convento das Mercês (2006). Participou também de outros dois livros, a segunda edição de Grilagem: corrupção e violência em terras do Carajás (2009), do padre canadense Victor Asselin, e de Maranhão ensaio de biografia e história (2011), organizado pelos historiadores Yuri Costa e Marcelo ChecheGalves.