A Festa das Almas, em Ocara (CE), acontece há mais de um século na véspera do dia de Finados |
“A festa é peculiar como um todo, desde o momento em que surgiu”, explica a pesquisadora Auricélia Alves, ocarense de nascimento e criação, que lança hoje, às 18 horas, no Museu do Ceará, o livro Festa das Almas: A Alegria dos Vivos - Uma Síntese Histórica da Festa de Finados em Ocara, em que analisa o tema.
Realizada a cada dia primeiro de novembro, véspera do Dia de Finados, a Festa das Almas altera a rotina da cidadezinha, que vê a população de 25 mil habitantes ganhar, em média, 15 mil visitantes seduzidos pela fé e pela diversão.
Auricélia, que já foi secretária de cultura do município, era proibida pelos pais durante a infância de acompanhar o festejos. “Teve padre que tentou convencer a população a não ir pra festa, que quis acabar com a celebração de qualquer forma”, explica.
Em mais de um século de história - a festa teve início em 1914 - as disputas com a Igreja por conta do evento se intensificam ou arrefecem. “A relação vem melhorando de alguns anos pra cá, depende muito da visão de cada padre”, explica Auricélia.O livro passeia por toda a história do festejo, desde as suas origens, passando pelos embates com a Igreja e a participação da juventude, até a configuração social que vem elaborando nos últimos anos.
Auricélia começou a pesquisa em meados de 2002, quando decidiu analisar a Festa das Almas em seu trabalho de conclusão de curso na Faculdade de História da Universidade Estadual do Ceará. “Vi um processo gradativo de crescimento da comunidade, de modo a reconhecer como os mortos habitavam o cemitério e como os vivos habitavam a cidade”.