Páginas

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Eu...passeio na Paraíba

   
Augusto dos Anjos na Praça Pedro Américo

 Como se fosse o saudoso poeta...E fosses à Paraíba, Terra de João Pessoa, Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, Zé da Luz... Enfim, poetas de A a Z. Como ao poeta, busque conhecer a cidade como quem quer conhecer-se a si mesmo. João Pessoa é única. Não há comparações. Suas ruas, edificações, seus verdes são surpreendentes como os versos mais íntimos. Obra da natureza e do homem, bem construída, poética, sua beleza surge e ressurge com mais ou menos intensidade no arruamento sinuoso e nas ladeiras que desembocam no rio Sanhauá, afluente do Parnaíba. Isso para não dizer que não falamos das suas águas.
A Paraíba é a terceira cidade mais antiga do Brasil

O poeta, do Eu único, dos Anjos, está tão presente em João Pessoa, que no passado foi Cidade da Parayba -, assim como poetas solares iguais a Jackson do Pandeiro, Livardo Alves, Manuel José de Lima e outros tantos pessoenses do povo que não os deixaram anônimos. Ou Anayde Beiriz, encantadora mulher que moveu a história do país, estopim da Revolução de 30 como personagem de uma trágica história de amor e ódio envolvendo dois homens: aquele que deu o contemporâneo nome da cidade; e João Dantas, destinatário das cartas de amor destilando lirismo de Beiriz.
O rio Sanhaurá no horizonte de João Pessoa

    Ao caminhar pelo centro histórico da cidade é fácil encontrá-los em monumentos que os eternizam. Às primeiras luzes do sol – que em João Pessoa nasce primeiro que em qualquer lugar do Brasil – as estátuas e bustos reluzem em bronze em diversos pontos da cidade. Seus tons auríferos remontam à pintura de Pedro Américo.
Muitos homens do povo são imortais na Paraíba 

    Augusto dos Anjos sobrevive na memória dos vivos com sua poesia soturna e em lugares incomuns. O poeta solitário está embaixo do tamarineiro na Praça Pedro Américo, com toda licença poética que o visitante e nativo se permitirem. Num promontório de concreto, refestelado em uma armação em ferro onde as palavras sintetizam toda a obra do Eu como dor e solidão, impressas no vácuo, a escultura descansa, em profundo sossego.
As construções históricas do centro remontam os Neanderlands e portugueses

    Alguns passos à frente e estaremos diante da estátua de Pedro Américo. Ambas – a de Américo e dos Anjos - emolduradas pelo antigo prédio do Correio e Telégrafo, onde atualmente funciona a prefeitura municipal e o comando da Polícia Militar.
João Pessoa é tombada como patrimônio nacional pelo IPHAN

    A imagem do poeta é ainda encontrada em João Pessoa em espaços despercebidos, quase invisíveis diante do cosmopolitismo que o ritmo das metrópoles imprime ao homem. Recôndito, como declamava em seus versos, o poeta se esconde entre galhos de árvores à beira do Parque Solón de Lucena, como um fantasma que se refugia na natureza viva. Próximo a pontos de ônibus e automóveis que contornam a lagoa em velocidade acelerada Anjos impávido assiste a azáfama dos afazes urbanos na escultura de J. Maciel.
Associação Comercial da Paraíba em prédio recém-restaurado

    Em frente ao Paraíba Palace Shopping, antigo Paraíba Palace Hotel, em um canto da Praça Vidal de Negreiros, está Livardo Alves imortalizado em bronze. O autor da marchinha carnavalesca “Minha cueca” permanece sentado, solitário e receptivo em um banco do largo. Livardo se perde diariamente no corre-corre dos transeuntes no antigo centro comercial de João Pessoa. Nos andares superiores do prédio histórico, a visão do centro é bem ampla.

Dos pessoenses ao mestre com carinho

    Cercado por lanchonetes, firme com um pé no chão outro no banco da praça está Jackson do Pandeiro em obra de Jurandir Maciel, bem no fundo da Praça Rio Branco, em João Pessoa. Em Campina Grande o músico nordestino tem encontro permanente com outro ícone nacional, Luiz Gonzaga, às margens do Açude Velho.
Pernas pra que te quero
    Terceira cidade mais antiga do Brasil, João Pessoa completa 430 anos em 2016. A data de fundação, 5 de agosto de 1585, dá nome a uma rua no centro histórico tombado pelo IPHAN. É possível fazer a pé um passeio pelos quatro séculos da cidade em poucas horas. A Rota do Pedestre está nas placas.


    Os primeiros passos podem ser a partir da antiga fábrica de vinho Tito Silva e a Loja Maçônica Grande Oriente. Há opções não cartesianas como subir a ladeira da Borborema. No alto da ladeira está o Santuário de Nossa Senhora das Neves, que deu o primeiro nome à cidade. A igreja foi proclamada Basílica em 5 de agosto de 1997. A edificação está na Praça do Uirico.
Casa de Pólvora: a defesa do tempo colonial

    Essa pernada sadia pela cidade antiga tem paradas certas como o Parque da Casa da Pólvora. O Iphan conclui a obra de restauração do patrimônio.
Símbolo da colonização portuguesa está nas alturas

    Passo a passo se chega ao Hotel Globo com a identificação ainda no alto. Dali o pôr-do-sol é uma atração diária.
    Uma das antigas igrejas da Paraíba é a igreja do Carmo ainda da época da Capitania da Parayba. O brasão do Carmo está na fachada de estilo barroco. É tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico do Estado da Paraíba desde 1998.

    O conjunto arquitetônico que rodeia a Praça Antenor Navarro recentemente revitalizado deslumbra pelo traço art-noveau do casario de fachadas em paleta de cores vivas. Siga então pelas ruas das Trincheiras, Duque de Caxias, João Suassuna e Maciel Pinheiro.

A Igreja São Francisco é um capítulo especial desse passeio por ruas e ladeiras de paralelepípedos e asfalto. Obra prima do período colonial começou a ser erguida em 1589. É um destaque do barroco na história do país.
Igreja de São Francisco: história do barroco no Brasil

    Os detalhes em madeira e os deslumbrantes altares folheados a ouro prendem a respiração do visitante. Olhando para o céu dentro da Igreja a vida de São Francisco está estampada em um painel de mais de 40 metros de extensão. Lances dessa história estampam os azulejos do adro externo da igreja sempre cheia de turistas.
Livardo Alves, autor de "minha cueca"
    Ah, não deixe de ir ao Theatro Santa Roza, em estilo greco-romano, todo revestido internamente de madeira Pinho de Riga.
Litoral
    Da Praia de Lucena até a da Penha, a faixa litorânea de João Pessoa no extremo oriental das Américas se estende por 24 km de dar água na boca e brilho nos olhos. Partindo de Cabedelo, ponto de atracamento de cruzeiros, a 20 km do centro histórico da capital, a primeira praia é Camboinha, muito própria para esportes náuticos. No meio do caminho até a Praia de Intermares, onde os surfistas se encontram, está a Ilha de Areia Vermelha. Seguem as praias do Bessa, e Manaíra, Tambaú, a mais famosa e extensa; até Jacarapé, Praia do Sol e Barra de Gramane.
Maior São João do Mundo
    Quando junho começa, na Paraíba o fole soa, tilintam os triângulos, batem as zabumbas. Do sopé da serra da Borborema ao litoral é festa em todos os pontos cardeais do estado. Campina Grande, a 121 quilômetros de João Pessoa, se torna a capital das festas juninas. Fogueiras, rojões, quadrilhas ... e tome xote, xaxados e forró rasgados. Vestidos com roupas coloridas, aos pares os dançarinos embalam as noites de São João por toda a Paraíba.
    No período da festas juninas Campinha Grande dobra o número de habitantes. A maioria dos hotéis, pousadas, pensões colocam placas de LOTADO. Tão grande a procura que abrem-se vagas em casas aos visitantes.
    É tudo verdade. O “Maior São João do Mundo” acontece em Campina Grande. Vale a pena conferir o título.
    Em João Pessoa o encontro de quadrilhas, os casamentos dos matutos, e diversas brincadeiras sustentam a tradição secular. Os gritos de alavantue anarriê, olha a chuva são ouvidos por toda a cidade.
    Há outros endereços de festas no Estado. Em Santa Luzia, Patos, Piancó, Misericórdia, Conceição, Catolé da Rocha - terra natal de Chico César, Bonito de Santa Fé, Cajazeiras, Souza, Uiraúna, Picuí, Cuité, Brejo de Areias, e outros mais festejam Santo Antonio, São João e São Pedro sem igual.
    Em junho, em Cabaceiras acontece a Festa do Bode Rei. Criada pelo jornalista Wills Leal aos poucos foi ganhando projeção nacional. A partir de 2006 passou a integrar o calendário do Ministério do Turismo. Um trio decorado é atração musical da festa. A cada ano o arrastão reúne mais pessoas. A gastronomia bodística e o forró são abundantes nos primeiros dias do mês.

Confira mais fotos do centro de João Pessoa:
Praça Antenor Navarro

Theatro Santa Roza