Augusto dos Anjos na Praça Pedro Américo |
Como se fosse o saudoso poeta...E fosses à Paraíba, Terra de João Pessoa, Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, Zé da Luz... Enfim, poetas de A a Z. Como ao poeta, busque conhecer a cidade como quem quer conhecer-se a si mesmo. João Pessoa é única. Não há comparações. Suas ruas, edificações, seus verdes são surpreendentes como os versos mais íntimos. Obra da natureza e do homem, bem construída, poética, sua beleza surge e ressurge com mais ou menos intensidade no arruamento sinuoso e nas ladeiras que desembocam no rio Sanhauá, afluente do Parnaíba. Isso para não dizer que não falamos das suas águas.
A Paraíba é a terceira cidade mais antiga do Brasil |
O poeta, do Eu
único, dos Anjos, está tão presente em João Pessoa, que no passado foi Cidade
da Parayba -, assim como poetas solares iguais a Jackson do Pandeiro, Livardo
Alves, Manuel José de Lima e outros tantos pessoenses do povo que não os
deixaram anônimos. Ou
Anayde Beiriz, encantadora mulher que moveu a história do país, estopim da
Revolução de 30 como personagem de uma trágica história de amor e ódio
envolvendo dois homens: aquele que deu o contemporâneo nome da cidade; e João
Dantas, destinatário das cartas de amor destilando lirismo de Beiriz.
O rio Sanhaurá no horizonte de João Pessoa |
Ao caminhar pelo centro histórico da
cidade é fácil encontrá-los em monumentos que os eternizam. Às primeiras luzes
do sol – que em João Pessoa nasce primeiro que em qualquer lugar do Brasil – as
estátuas e bustos reluzem em bronze em diversos pontos da cidade. Seus tons
auríferos remontam à pintura de Pedro Américo.
Muitos homens do povo são imortais na Paraíba |
Augusto dos Anjos sobrevive na
memória dos vivos com sua poesia soturna e em lugares incomuns. O poeta
solitário está embaixo do tamarineiro na Praça Pedro Américo, com toda licença
poética que o visitante e nativo se permitirem. Num promontório de concreto,
refestelado em uma armação em ferro onde as palavras sintetizam toda a obra do
Eu como dor e solidão, impressas no vácuo, a escultura descansa, em profundo
sossego.
As construções históricas do centro remontam os Neanderlands e portugueses |
Alguns passos à frente e estaremos
diante da estátua de Pedro Américo. Ambas – a de Américo e dos Anjos -
emolduradas pelo antigo prédio do Correio e Telégrafo, onde atualmente funciona
a prefeitura municipal e o comando da Polícia Militar.
João Pessoa é tombada como patrimônio nacional pelo IPHAN |
A imagem do poeta é ainda encontrada
em João Pessoa em espaços despercebidos, quase invisíveis diante do
cosmopolitismo que o ritmo das metrópoles imprime ao homem. Recôndito, como
declamava em seus versos, o poeta se esconde entre galhos de árvores à beira do
Parque Solón de Lucena, como um fantasma que se refugia na natureza viva.
Próximo a pontos de ônibus e automóveis que contornam a lagoa em velocidade
acelerada Anjos impávido assiste a azáfama dos afazes urbanos na escultura de
J. Maciel.
Associação Comercial da Paraíba em prédio recém-restaurado |
Em frente ao Paraíba Palace Shopping,
antigo Paraíba Palace Hotel, em um canto da Praça Vidal de Negreiros, está
Livardo Alves imortalizado em bronze. O autor da marchinha carnavalesca “Minha
cueca” permanece sentado, solitário e receptivo em um banco do largo. Livardo
se perde diariamente no corre-corre dos transeuntes no antigo centro comercial
de João Pessoa. Nos andares superiores do prédio histórico, a visão do centro é
bem ampla.
Dos pessoenses ao mestre com carinho |
Cercado por lanchonetes, firme com um
pé no chão outro no banco da praça está Jackson do Pandeiro em obra de Jurandir
Maciel, bem no fundo da Praça Rio Branco, em João Pessoa. Em Campina Grande o
músico nordestino tem encontro permanente com outro ícone nacional, Luiz
Gonzaga, às margens do Açude Velho.
Pernas pra que te quero
Terceira cidade mais antiga do
Brasil, João Pessoa completa 430 anos em 2016. A data de fundação, 5 de agosto
de 1585, dá nome a uma rua no centro histórico tombado pelo IPHAN. É possível
fazer a pé um passeio pelos quatro séculos da cidade em poucas horas. A Rota do
Pedestre está nas placas.
Os primeiros passos podem ser a
partir da antiga fábrica de vinho Tito Silva e a Loja Maçônica Grande Oriente.
Há opções não cartesianas como subir a ladeira da Borborema. No alto da ladeira
está o Santuário de Nossa Senhora das Neves, que deu o primeiro nome à cidade.
A igreja foi proclamada Basílica em 5 de agosto de 1997. A edificação está na
Praça do Uirico.
Casa de Pólvora: a defesa do tempo colonial |
Essa pernada sadia pela cidade antiga
tem paradas certas como o Parque da Casa da Pólvora. O Iphan conclui a obra de
restauração do patrimônio.
Símbolo da colonização portuguesa está nas alturas |
Passo a passo se chega ao Hotel Globo
com a identificação ainda no alto. Dali o pôr-do-sol é uma atração diária.
Uma das antigas igrejas da Paraíba é
a igreja do Carmo ainda da época da Capitania da Parayba. O brasão do Carmo
está na fachada de estilo barroco. É tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico do Estado da Paraíba desde 1998.
O conjunto arquitetônico que rodeia a
Praça Antenor Navarro recentemente revitalizado deslumbra pelo traço art-noveau
do casario de fachadas em paleta de cores vivas. Siga então pelas ruas das
Trincheiras, Duque de Caxias, João Suassuna e Maciel Pinheiro.
A Igreja São Francisco é um capítulo
especial desse passeio por ruas e ladeiras de paralelepípedos e asfalto. Obra
prima do período colonial começou a ser erguida em 1589. É um destaque do
barroco na história do país.
Igreja de São Francisco: história do barroco no Brasil |
Os detalhes em madeira e os
deslumbrantes altares folheados a ouro prendem a respiração do visitante.
Olhando para o céu dentro da Igreja a vida de São Francisco está estampada em
um painel de mais de 40 metros de extensão. Lances dessa história estampam os
azulejos do adro externo da igreja sempre cheia de turistas.
Livardo Alves, autor de "minha cueca" |
Ah, não deixe de ir ao Theatro Santa
Roza, em estilo greco-romano, todo revestido internamente de madeira Pinho de
Riga.
Litoral
Da Praia de Lucena até a da Penha, a
faixa litorânea de João Pessoa no extremo oriental das Américas se estende por
24 km de dar água na boca e brilho nos olhos. Partindo de Cabedelo, ponto de
atracamento de cruzeiros, a 20 km do centro histórico da capital, a primeira
praia é Camboinha, muito própria para esportes náuticos. No meio do caminho até
a Praia de Intermares, onde os surfistas se encontram, está a Ilha de Areia
Vermelha. Seguem as praias do Bessa, e Manaíra, Tambaú, a mais famosa e
extensa; até Jacarapé, Praia do Sol e Barra de Gramane.
Maior São João do Mundo
Quando junho começa, na Paraíba o
fole soa, tilintam os triângulos, batem as zabumbas. Do sopé da serra da
Borborema ao litoral é festa em todos os pontos cardeais do estado. Campina
Grande, a 121 quilômetros de João Pessoa, se torna a capital das festas
juninas. Fogueiras, rojões, quadrilhas ... e tome xote, xaxados e forró
rasgados. Vestidos com roupas coloridas, aos pares os dançarinos embalam as
noites de São João por toda a Paraíba.
No período da festas juninas Campinha
Grande dobra o número de habitantes. A maioria dos hotéis, pousadas, pensões
colocam placas de LOTADO. Tão grande a procura que abrem-se vagas em casas aos
visitantes.
É tudo verdade. O “Maior São João do
Mundo” acontece em Campina Grande. Vale a pena conferir o título.
Em João Pessoa o encontro de
quadrilhas, os casamentos dos matutos, e diversas brincadeiras sustentam a
tradição secular. Os gritos de alavantue anarriê, olha a chuva
são ouvidos por toda a cidade.
Há outros endereços de festas no Estado.
Em Santa Luzia, Patos, Piancó, Misericórdia, Conceição, Catolé da Rocha - terra
natal de Chico César, Bonito de Santa Fé, Cajazeiras, Souza, Uiraúna, Picuí,
Cuité, Brejo de Areias, e outros mais festejam Santo Antonio, São João e São
Pedro sem igual.
Em junho, em Cabaceiras acontece a
Festa do Bode Rei. Criada pelo jornalista Wills Leal aos poucos foi ganhando
projeção nacional. A partir de 2006 passou a integrar o calendário do
Ministério do Turismo. Um trio decorado é atração musical da festa. A cada ano
o arrastão reúne mais pessoas. A gastronomia bodística e o forró são abundantes
nos primeiros dias do mês.Confira mais fotos do centro de João Pessoa:
Praça Antenor Navarro |
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Theatro Santa Roza |