Deputados são acusados de improbidade, trabalho escravo e lavagem de dinheiro
-BRASÍLIA- Cinco dos seis secretários escolhidos pelos partidos para compor a Mesa Diretora da Câmara têm problemas com a Justiça. Entre as acusações que pesam sobre eles há desde trabalho escravo a lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. Nenhum, no entanto, teve condenação definitiva.
Como O GLOBO revelou segunda-feira, o primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PRBSP), foi condenado em abril do ano passado, por manter em sua fazenda em Goiás trabalhadores em função análoga à escravidão, além de explorar mão de obra infantil. O deputado negou que agisse contra a lei e afirmou que funcionários de sua propriedade foram absolvidos da acusação em outras instâncias. Mas seu caso não é isolado.
O primeiro vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), responde a um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) no qual é acusado, com outros parlamentares, de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Ele foi flagrado em conversas telefônicas, com autorização da Justiça, durante a Operação Miqueias, da Polícia Federal, que investigou uma quadrilha que agia no desvio de recursos de fundos de pensão nos estados e municípios.
De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, na interceptação telefônica Maranhão conversaria com o doleiro Fayed Traboulsi, também envolvido com a Operação Lava-Jato. Além disso, Maranhão teve a prestação de contas de sua campanha em 2010 rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA). Ele recorreu, mas o Tribunal Regional manteve a decisão.
Em nota enviada ao GLOBO por sua assessoria, o deputado declarou que o processo tramita “de forma embrionária” no STF e que ele tem “absoluta convicção de sua inocência”.
O segundo vice-presidente, Giacobo (PR-PR), responde, desde 2008, a um inquérito no STF sobre crimes contra a ordem tributária. O processo está com o ministro Celso de Mello desde setembro de 2011. Procurado, ele não respondeu ao GLOBO.
Já o segundo-secretário, Felipe Bornier (PSD-RJ), é acusado de uso indevido de meio de comunicação social nas eleições do ano passado. Ele nega qualquer irregularidade.
Alex Canziani (PTB-PR), quarto secretário, é réu em uma ação civil pública por improbidade administrativa com dano ao Erário quando ele foi viceprefeito interino de Londrina (PR). A ação teria sido motivada por causa da contratação de um buffet na época em que ele se candidatou a deputado. A Justiça decretou a indisponibilidade dos bens dele e a quebra de seu sigilo bancário. O deputado afirma que a ação é de 2002 e que não se beneficiou:
— Tenho todo interesse que isso se resolva, porque sou inocente.
BETO MANSUR, 1º SECRETÁRIO.
Condenado em abril de 2014, por manter em sua fazenda em Goiás trabalhadores em função análoga à escravidão, além de explorar a mão de obra infantil
Quem são
WALDIR MARANHÃO, 1º VICE-PRESIDENTE.
Responde a inquérito que tramita no Supremo e no qual é acusado, com outros parlamentares, de lavagem de dinheiro e ocultação de bens
GIACOBO, 2º VICE-PRESIDENTE.
Responde, desde 2008, a um inquérito no STF sobre crimes contra a ordem tributária
FELIPE BORNIER, 2º SECRETÁRIO.
Acusado de uso indevido de meio de comunicação social nas eleições do ano passado
ALEX CANZIANI. 4º SECRETÁRIO.
Réu em uma ação civil pública por improbidade administrativa com dano ao Erário quando ele foi vice-prefeito interino de Londrina (PR)