O PMDB anda chantageando publicamente o governo Dilma Rousseff por mais "espaço" - e isso ainda causa, curiosamente, dois tipos de surpresa. A primeira, que alguém ainda se surpreenda com isso (até manchete de jornais e sites o fenômeno virou); a segunda, que esse comportamento ainda mereça análise como a que farei neste espaço.
Brincadeiras à parte, valho-me dos inteligentes comentários dos leitores do site do Correio Braziliense: um diz que o PT vai chutar o PMDB de todos os governos estaduais em que ambos eram aliados (coincidentemente, os sofridos Maranhão e Rio de Janeiro) e depois simplesmente o abandonará; outro, em seguida, avalia que os peemedebistas mudarão de partido e continuarão desmandando em Pedrinhas. Acrescento: e usando aviões da FAB para implantar cabelos, esfaqueando-se por diretorias de estatais, ameaçando, constrangendo, jogando.
Infelizmente, ambos têm razão: é esse, afinal, o modo de se operar politicamente no Brasil. O PMDB é apenas a face mais à mostra desse quadro nefasto, em que fundador da UDR junta-se à melhor amiga de Chico Mendes e no qual há quem ouse pregar uma "nova política" juntando todos os "velhos métodos" de cooptação.
Por isso, já há uma campanha para que Francisco, o papa, seja candidato avulso à Presidência da República do Brasil. Afinal, ele tem encarado com rara coragem a burocracia do Vaticano - que, como a nossa, é envenenada e intoxicada por intrigas, interesses mesquinhos.
Francisco sabe que alguns cardeais não são nada altruístas. Aliás, um parêntese: por que certos colegas jornalistas chamam os líderes do PMDB, principalmente, de cardeais? Logo agora, que o calmo e corajoso argentino começou a se livrar de alguns "eternos" - como Piacenza, Bertone, Burke. Um deles, aliás, "avaliou", quase como uma ameaça, a possibilidade de que os funcionários do Vaticano ignorem a agenda papal. Já vimos isso por aqui, não?
Bem, Francisco, no fundo, está fazendo o que esperávamos de Lula e Dilma: olhar para os pobres, sim; esquecer de desmantelar os círculos de poder de castas empresarial, sindical, funcional ou cardinalícia, jamais.