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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Empresa de sócio do marido de Roseana Sarney divide "monopólio" do transporte de ferry-boat no Maranhão

    O empresário Luiz Carlos Cantanhede é uma eminência parda de Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney Murad (PMDB), no universo dos negócios. Com tentáculos estendidos em vários segmentos empresariais, Cantanhede emergiu no noticiário nacional, agregado à explosão de violência no Estado, como sócio de Murad na empresa de segurança privada contratada como prestadora de serviço no Sistema Penintenciário de Pedrinhas. Cantanhede, revelou a imprensa, é sócio de Murad em negócios de turismo.
    Não se restringe a isso a imbricação de Cantanhende, diretor da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão, Fiema, e Jorge Murad. Desde a Lunus (aquela empresa que tinha nos cofres milhares de cédulas de R$ 50), os negócios dos dois foram revelados ao mundo. Há outros, porém, que permanecem camuflados por uma estratégia empresarial. O favorecimento da Internacional Marítima é um destes cercados de obscurantismo. A empresa divide a exploração do transporte marítimo entre São Luís e o continente da baixada maranhense.
    A Empresa Maranhense de Administração Portuária, Emap, é gestora dos terminais operados pela Internacional Marítimo e Serviporto. Pelo número de inserções da campanha de reforma dos terminais da Emap - principalmente no Sistema Mirante de Comunicação dos Sarney -, há dúvidas de que há algum maranhense que desconheça sua existência. A empresa tem figurada como patrocinadora dos grandes eventos festivos promovidos pelo governo do estado, como carnaval, aniversário da cidade e réveillon, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
    A Emap administra o Porto do Itaqui e os terminais de transporte e passageiros da Ponta da Espera, na ilha de São Luís, e Cujupe, no município de Alcântara, no continente maranhense. A divisão do "monopólio" está entre Luiz Carlos Cantanhede, sócio do marido da governadora, Jorge Murad, em outros negócios e quiçá neste ramo, e Nemésio, um empresário que emergiu da pobre região da baixada maranhense. 
    A passagem custa R$ 10 por cabeça. Para veículo os preços variam entre R$ 65 e R$ 120. A voracidade empresarial dos exploradores do transporte não dispensa a cobrança nem de doentes ou ambulâncias que trazem doentes para os hospitais de urgência e emergência de São Luís. Quase sem saída por terra ou aeronaves como as utilizadas pelo secretário de Saúde, Ricardo Murad, no trajeto São Luís - Coroatá,  são muitos os que veem da baixada em busca de atendimento na capital.
    Anualmente, segundo estatísticas, mais de 1,4 milhão de pessoas utilizam o transporte. Na travessia da baía de São Marcos passando pelo Boqueirão, uma das zonas mais perigosas da costa maranhense, o tratamento com o usuário é o mais perverso imaginável. A mobilidade é algo estranho nas embarcações, sucatas adquiridas na Bahia ou Pará pela Internacional Marítima e Serviporto. Por conta disso, embarcações à deriva é uma rotina no Boqueirão, na Baía de São Marcos.