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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Luiz Assunção - Maranhense no samba do Ceará

Existe uma ponte ligando as histórias do carnaval do Maranhão e do Ceará.Era segunda-feira, 23 de julho de 1928, quando o Itaquicé atracou na Ponte Metálica, em Fortaleza (CE). À bordo do navio vinha o pianista maranhense Luiz Assunção, filho do cearense e da maranhense Palmira. Foi recebido pelos amigos Silva Novo e Cleóbulo Maia.
    Noventa anos depois, o músico está sendo lembrado na exposição “Luiz Assunção– Samba de Carnaval”, no espaço multiuso do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. “Dragão do Mar” é o termo que o escritor Aluisio Azevedo usou para denominar Francisco José do Nascimento, trabalhador naval que liderou uma greve de pequenas embarcações entre a praia do Peixe (hoje Iracema) e os navios negreiros.
    Até morrer em 9 de maio de 1987, Luiz Assunção desenhou na capital alencarina uma trajetória direcionada pela música e, sobretudo, pela vida boêmia. Deu nome próprio a uma das maiores referência do carnaval de rua do Ceará.
O filho da organista da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios desembarcou em Fortaleza para tocar no Cine Teatro Pio X, na Praça do Coração de Jesus, e no Centro Artístico Cearense. Ao mesmo tempo fez carreira no circuito mundano da capital alencarina.
"Entre taças de campanha, farfalhar de rendas e sedas" (como no texto do Diário da Noite de 15 de fevereiro de 1929), o piano de Luiz Assunção ecoou em repertórios de valsas, choros, mazurcas e chansnniers franceses, como convinha ao ambiente enfeitado com mulheres em pose de sedução. Nas pensões da Nena e da graciosa brilhava a música de Assunção.
Pouco mais de vinte anos depois de chegar à cidade, o músico maranhense desfrutava de prestígio suficiente para batizar aquela que se tornaria uma das principais agremiações carnavalescas de Fortaleza: a "Escola de Samba Luiz Assunção", nome que substituiu a partir de 1945. a "Escola de samba Lauro Maia".
No ano seguinte, o "Cordão das Coca-colas", como eram chamadas as moças que já àquela época namoravam os gringos, seria campeã do carnaval. Nos três anos subsequentes, a escola de Luiz Assunção venceu o concurso de desfile.
Uma de suas composições exaltam seu estado natal, "Maranhão" (Veja letra abaixo). A letra e caligrafia musical do samba-exaltação está na exposição dedicada ao maranhense no Dragão do Mar. Seus longos vinte anos da velha PRE-9, emissora de rádio tão querida dos cearenses, estão presentes em gravações.
À contemporaneidade Luiz Assunção foi resgatado a partir de meados da década de 60 pelo Pessoal do Ceará, grupo musical formado por Tety, Jorge Melo, Ednardo, Belchior, Fagner etc. Depois de descer para o sul na década de 70,  se tomaram conhidos no país, estampando "revistas supercoloridas" , salvando assim do esquecimento - como a exposição no Dragão - este compositor do elo musical carnavalesco entre o Maranhão e o Ceará.

Maranhão
(Samba-exaltação ) - 1950
Bem sabe o mundo inteiro
Que és hospitaleiro
E és Atenas do Brasil
És terra que tem dado gente boa
Berço de Gonçalves Dias.

Maranhão
O teu solo que é riqueza
Está ao dispor da natureza
Berço de João Lisboa
Maranhão
O teu solo que é riqueza
Está ao dispor da natureza

Maranhão
De sonhos mil!
O teu inimigo é tua sorte
Mas do norte do Brasil,
Tu és um braço forte.

Nessa  terra de palmeiras,
Matas virgens seculares
Onde cantam sabiás
Inda se ouvem velhas lendas
Dos senhores de fazenda
Das mucamas e Sinhás.

Serviço
Exposição - "Luiz Assunção: Samba de Carnaval"
No Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Fortaleza - Ceará) até dia 27 de março, de terça a domingo das 10 às 20 horas (com acesso até 19h30).