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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

MP 579 pode levar indústria a morrer na praia, diz Alcoa


    "Estamos delegando a segundo plano um dos objetivos da medida provisória 579 que é a competitividade da indústria", diz Franklin Feder, presidente da Alcoa para América Latina e Caribe.
    A medida provisória 579 reduz os encargos sobre a energia elétrica e prorroga as concessões, em troca da diminuição de tarifas.
    Produtora de alumínio, a Alcoa é intensiva em energia e tem sido há anos uma das vozes mais ativas pelo corte de custos de eletricidade.
    Em junho passado, em audiência no Planalto, Feder ouviu da presidente Dilma Rousseff a decisão de que cortaria o preço da energia, como havia feito com os juros.
    "No nosso caso, nós chegamos a no máximo 11% de redução. E não conheço qualquer outra empresa eletrointensiva que tenha tido queda de 28%", afirma.
    "Essa queda de 11% ainda depende de modificação no contrato com a Eletronorte", ressalva. Além disso, uma pequena valorização do real, pode zerar o ganho.
    "A preocupação é que vamos acabar morrendo na praia. E creio que não seja só minha", afirma.
    Apesar dos resultados até o momento, Feder continua a elogiar a iniciativa.
    "Foi extremamente corajosa a medida da presidente Dilma. Tal qual fez com juros e câmbio, quando resolve fazer, ela faz."
    Para ele, entretanto, a discussão tem se concentrado na renovação das concessões.
    "Ela é importante, os números são claros: vale mais a pena não renovar nessas condições. Mas a questão da competitividade da indústria está sendo esquecida."
    O futuro do mercado livre, onde estão os grandes usuários, "ainda é uma bola de cristal", diz.
    Com pequenos ajustes, essa questão poderia se resolver, defende Feder.
    Uma alternativa seria transferir uma cota de energia do mercado cativo (de pequenos e médios consumidores) para o mercado livre. A ideia, entretanto, poderia acarretar aumento para usuários como os residenciais.
    "O que estamos pleiteando é apenas uma precificação que nos equipare a países produtores de alumínio."
    O preço da energia no Brasil está entre 30% e 40%, dependendo da taxa de câmbio, acima da de outros países, segundo o executivo.
    "Espero que todos sentemos à mesa e negociemos melhor. O maior investimento da Alcoa no mundo está aqui."
    "Depois de tanto esforço, se a MP for aprovada como está, ficará uma situação complicada para a nação e o governo quando a indústria disser 'obrigada, foi uma iniciativa legal, mas não dá para manter as operações"
    "No nosso caso, nós chegamos a no máximo 11% de redução do custo da energia. E não conheço qualquer outra empresa eletrointensiva que tenha tido queda de 28%. Com uma alta do real, voltamos à estaca zero"
Do Mercado Aberto