A passagem do furacão Sandy pelo Caribe e pela Costa Leste dos EUA deixou um rastro de morte e destruição. A mais poderosa nação do planeta e sua cidade mais rica não foram suficientes para enfrentar essa força da natureza. Vários dias depois, parte de Manhattan estava sem água, luz e transporte. Prejuízo de bilhões de dólares para os moradores e para a prefeitura.
Enquanto isso, mudando de assunto e voltando à nossa realidade, soube-se que Roseana Sarney tomou mais R$ 3,8 bilhões em empréstimos ao BNDES. Ela já havia pedido um bilhão emprestado anteriormente, que, somados ao empréstimo atual, perfazem a soma fantástica de quase R$ 5 bilhões. Com efeito, a governadora estabeleceu um novo recorde: sozinha, tomou mais dinheiro emprestado que todos os governadores anteriores somados. Dessa forma, esgota a capacidade de endividamento do estado conseguida no meu governo, após ao sanear as contas do estado após a primeira fase desastrosa da passagem dela pela gestão estadual. Agora, como se tomar dinheiro emprestado não trouxesse consequências, ela ‘torrou’ tudo, ou seja, usou a capacidade de endividamento do estado até o último centavo. Torrar é realmente o termo apropriado.
Os estados brasileiros, depois de anos de negociação com o governo federal, consolidaram as suas dívidas e acordaram pagar 13% de suas receitas para amortizá-las. Considerando este acordo, ainda temos uns 10 anos de pagamento por fazer. Tudo aquilo que foi, ou vier a ser tomado emprestado depois do acordo, será pago fora do teto, ou seja, acima dos 13%. Ninguém sabe das condições desses empréstimos novos, mas pode-se supor que deveremos pagar mais de 20% de nossas receitas, pelas loucuras que o governo está cometendo agora. Ao final, ficaremos muito mais pobres do que somos, pois será quase impossível dispender 20 a 25% da arrecadação com empréstimos.
Eu estou errado? Acredito que não. Contudo, o governo tem a obrigação de tratar com seriedade a população e o Secretário de Planejamento deveria expor na Assembleia como ficará o endividamento do estado e qual o comprometimento total de nossas receitas a ocorrer com o pagamento da dívida. A população precisa saber. É o mínimo que poderia ser feito. Aliás, é uma obrigação constitucional fazer esse esclarecimento. Entretanto, não acredito que o farão.
Fica difícil acreditar que esse dinheiro vai mudar alguma coisa, pois desde o meu governo o estado passou a ter recursos suficientes para fazer obras e programas de combate à pobreza, como fizemos com a ponte de Imperatriz, a melhoria de todos os indicadores sociais e a expansão do ensino médio em todo o Maranhão. Os dados do IPEA mostram que o Maranhão naquela época foi o estado que tirou mais gente do estado de pobreza absoluta e avançou em todos os indicadores. E isso foi desconsiderado...
O problema é que Roseana não tem projeto para mudar o Maranhão. A educação vai de mal a pior, e não foi a falta de recursos que nos deixou tanto tempo sem aeroporto, sem duplicação da BR-135, sem água e com as praias poluídas. Na verdade, o orçamento é jogado fora em projetos mirabolantes, como a construção de 72 hospitais que acabaram por ser ridicularizados pelo exame minucioso que o programa da Rede Globo 'Profissão Repórter' levou para todo o Brasil. Um verdadeiro exemplo de como o dinheiro público aqui é jogado fora em programas eleitoreiros e caros.
No PNAD, por exemplo, os dados divulgados de 2011, mostram por inteiro o desastre. A escolaridade é de apenas 5,83 anos, ou seja, mais da metade dos maranhenses não completaram o ensino fundamental. Somos os piores, na companhia de Alagoas e Piauí, estados muito mais pobres que o nosso. No valor do rendimento médio mensal domiciliar, somos os últimos do país, dessa vez com a honrosa companhia de Alagoas, com apenas R$ 1.361,00. Essa é a renda proveniente da soma de todas as pessoas que moram na casa. O Piauí, que era o último em 2007, agora nos ultrapassou e tem média de R$ 1.525,00. Estamos cada vez piores. Em relação às pessoas que possuem microcomputador com acesso a internet, apenas 13% da população possui, também juntos em último com o Piauí. Alagoas tem 19%. E sem falar em analfabetismo e outras mazelas...
Dessa forma, nada foi feito e o Maranhão desaba ficando pior a cada ano.
Curiosamente, na propaganda ufanista do governo do Estado, nós vivemos uma fase de tremendo progresso, deixando os demais estados para trás. Onde? Em que sentido?
O pedido de empréstimo foi para a aprovação dos deputados sem nem ao menos informar onde esses recursos seriam empregados. Com a gritaria da oposição, que reclamava do descumprimento de preceitos constitucionais, mandaram uma lista enorme de 'prioridades', sem projetos, sem estudos, sem justificativas, a mesma ‘lengalenga’ de sempre, agora com a palavra mágica 'combate à pobreza', para agradar a presidente Dilma.
Chama a atenção que, quando esse programa foi anunciado em solenidade no Palácio do Planalto, a parte que foi anunciada para o Maranhão era de R$ 1 bilhão. E agora essa soma foi multiplicada por quase quatro e veio um valor enorme.
De qualquer maneira, esse dinheiro ao final nada mudará, se seguir a tradição do grupo no poder. Roseana não tem projeto, nem programa e assim os recursos serão gastos a esmo, como sempre.
Como as eleições de 2014 serão definidoras da sobrevida do grupo, já viram...
Abre o olho, Flávio.
Certo é que o poder de destruição da governadora é tão forte quanto o do furacão Sandy. Vai dar trabalho consertar o estrago no futuro...
*O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras