ALFREDO JUNQUEIRA / RIO - O Estado de
S.Paulo
O engajamento do compositor Chico Buarque na campanha do candidato do PSOL à
Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, não vai se limitar à participação em
programas eleitorais para a TV e a internet. Ontem, depois de quase duas horas
de gravações em seu apartamento no Alto Leblon, ele fez um pedido singelo ao
político: queria levar "santinhos" para distribuir a amigos e vizinhos do campo
do Polytheama, seu time de peladas no Recreio dos Bandeirantes, região dominada
por grupos de milicianos.
Chico recebeu Freixo e sua comitiva lamentando os apoios manifestados pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o arquiteto Oscar Niemeyer, seus
amigos pessoais, à reeleição de Eduardo Paes (PMDB), apontado pelas pesquisas
como favorito. Preferiu não se aprofundar no assunto e logo perguntou para a
equipe de produção como poderia ajudar. Ao saber que deveria gravar vídeos
curtos para TV e longos para a internet com declarações de apoio a Freixo,
manifestou sua tradicional timidez. "Acho que prefiro cantar o jingle de
campanha a falar para TV."
Chico passou cerca de 30 minutos aprendendo o refrão da música de campanha de
Freixo e gravou três versões diferentes para o tema. Nas gravações dos
depoimentos, acompanhadas pelo Estado, o compositor afirmou que uma eventual
vitória de Freixo seria "um sonho". "Mas um sonho possível", ressaltou. Ele
ainda revelou que há muito tempo não se empolgava tanto com uma campanha
política.
Com aliança formal apenas com o nanico PCB, Freixo vem buscando apoio da
sociedade civil, aproximando-se de movimentos sociais, entidades de classe e
artistas. Seu tempo de TV é de cerca de um minuto e meio, enquanto Paes,
coligado a 19 partidos, terá cerca de 16 minutos.
Apartidário. Após as gravações, Chico fez questão de dizer que jamais foi
petista. Disse que já votou várias vezes no partido, mas que nunca foi filiado.
Queixou-se de ser sempre classificado como integrante do PT e fez uma comparação
com o período da ditadura militar. "Naquela época, diziam que eu era comunista.
Nunca fui, mas colou. Hoje é a mesma coisa com o PT. Vivem me chamando por aí de
'petista histórico'. Nunca tive filiação política nenhuma", afirmou o
compositor.
De O Estadão