Órgão multa empresa controlada pela nora do senador em R$ 70 mil
JOSÉ ERNESTO
CREDENDIO
DE SÃO PAULO
O Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, confirmou irregularidades em transações financeiras realizadas pela família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), e aplicou multa a Teresa Murad Sarney, nora do senador.
DE SÃO PAULO
O Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, confirmou irregularidades em transações financeiras realizadas pela família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), e aplicou multa a Teresa Murad Sarney, nora do senador.
Teresa controlava a empresa São Luis Factoring, intermediária de operações
financeiras da família.
A multa, de R$ 70 mil, foi aplicada pela Secretaria Executiva do Coaf à nora
e à empresa. Ainda cabe recurso. Segundo o órgão, a empresa realizava as
transações sem informar que havia dinheiro da família Sarney, que são as
chamadas PEPs (pessoas expostas politicamente) e alvos dos órgãos de controle.
Também escondia as próprias movimentações de recursos.
Teresa é casada com Fernando, filho do peemedebista e principal responsável
pelos negócios da família. Na época da abertura do inquérito da Polícia Federal,
o Coaf informou ter encontrado R$ 2 milhões em operações "atípicas" atribuídas a
Fernando e a Teresa.
Foram as atividades da empresa de factoring que levaram a Polícia Federal a
investigar Fernando na operação Boi Barrica (depois Faktor), realizada em 2007.
Segundo a PF, a empresa foi criada somente com o objetivo de prestar serviços
ao grupo. No relatório da operação, a polícia cita que havia "inúmeros"
depósitos em dinheiro na conta da factoring.
A operação teve as provas anuladas pelo STJ (Superior Tribunal de
Justiça) em setembro de 2011. Segundo o ministros do STJ, grampos que originaram as quebras de sigilo foram
ilegais. O Ministério Público Federal recorreu da decisão.
Apesar da anulação da operação da Polícia Federal, o Coaf manteve o
procedimento administrativo. A decisão, da secretaria executiva do Coaf, saiu há
cerca de 30 dias.Também foi condenado João Odilon Soares Filho, que havia sido
indiciado por instituição financeira irregular, formação de quadrilha e lavagem
de dinheiro.
Soares era sócio minoritário da empresa, que tem o mesmo endereço da TV
Mirante, que pertence à família.
O inquérito da Boi Barrica, que quebrou sigilos e realizou escutas
telefônicas, apontou indícios de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. De 2002
a 2006, a empresa de factoring movimentou R$ 42 milhões, apesar de ter informado
ter obtido receita de R$ 1,7 milhão, em valores da época.
OUTRO LADO
A Folha procurou ouvir Teresa na TV Mirante e foi orientada a enviar
email a Soares Filho. Também encaminhou a mesma mensagem ao endereço usado por
Fernando Sarney. Nenhum deles respondeu até o fechamento desta edição.
Da Folha