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terça-feira, 29 de maio de 2012

O Imparcial me demite por discordar de nota de esclarecimento do deputado Domingos Dutra

    O jornal O Imparcial me demitiu do seu quadro de editores nesta terça-feira, 29, por discordar de forma intolerante da publicação de uma nota na íntegra do deputado federal Domingos Dutra (PT) esclarecendo sobre acusações veiculadas em reportagens publicadas em O Estado do Maranhão com base em informações do deputado federal Francisco Escórcio (PMDB).
    Na noite de segunta-feira, fui chamado pelo diretor de redação do jornal, Raimundo Borges, para que providenciasse matéria sobre as denúncias de O Estado acerca de suposta manutenção de uma funcionária fantasma no gabinete do deputado que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
    Na recomendação da cobertura ao caso, o diretor de redação aludiu a reportagem publicada na edição de O Imparcial do sábado passado, na qual Dutra figurava como personagem da notícia de forma a projetá-lo positivamente. "Quando o Dutra tem coisa positiva nós cobrimos. Não vamos acobertar bandalheira do deputado", recomendou. Seria o caso então de dar publicidade unilateral ao caso reportado pelo jornal dos Sarney.
     Designado para fazer a reportagem, o repórter Agenor Barbosa tentou contato com as fontes da tal "notícia-crime", envolvendo o deputado Domingos Dutra, como acusado; e o deputado federal Escórcio, como autor das denúncias. Não sendo possível contatar com Escórcio, conforme o mesmo me relatou mais tarde, Barbosa produziu uma matéria com base em nota de esclarecimento do deputado petista, divulgada ainda na noite de segunda-feira, 28.
     Para minha surpresa, na manhã desta terça-feira, o mesmo diretor de redação manifestou sua indignação com o teor da nota publicada na íntegra. No seu entendimento, escrita com "linguagem vulgar e baixa" e de maneira alguma atendendo às intenções da reportagem.
     Segundo palavras do diretor o teor da matéria recomendada seria totalmente contrário a que foi publicada.Conforme revelou mais tarde em conversa pessoal, o interesse do jornal era incriminar o deputado, desconhecendo que a contratação da  tal "empregada doméstica"  fora desmentida na edição de segunda-feira pelo mesmo O Estado do MA.
    De acordo com o diretor de redação, a publicação da reportagem colocou em dificuldade a empresa. Segundo ele,  a ordem da demissão partiu do diretor-presidente do jornal, Pedro Freire.
    Há pouco mais de um mês o jornal publicou na capa, editorial em defesa da liberdade de expressão, se solidarizando com a classe quando do assassinato do jornalista do Sistema Mirante, Décio Sá (morto em 23 de abril deste ano). Fez eco às palavras usadas pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que na ocasião qualificou o crime como "atentado à democracia", corroborando  o comportamento servil de um imprensa aferroada ao ganho, sem vínculo com  a verdade e com o pensamento livre. Exemplo disso pode ser constatado na edição de amanhã do jornal, quando Escórcio tem vez solitariamente, segundo o manual do bom jornalismo forjado pelo jornal fundado por Assis Chateaubriand no Maranhão.

Lei abaixo a...
Nota de Esclarecimento (e de ingnação de O Imparcial)
Diante das reiteradas matérias levianas publicadas pelos meios de comunicação da Oligarquia Sarney e em respeito aos maranhenses honestos esclarecemos o seguinte:
1 – O que parecia estranho adquire forma de certeza: o Governo da oligarquia que controla o Estado do Maranhão, seus meios de comunicação e prepostos não querem desvendar a execução do jornalista Décio Sá. Por este motivo, em toda as tentativas do Deputado Domingos Dutra e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de contribuir com o esclarecimento do bárbaro assassinato, o Governo do Estado tenta desviar as atenções com matérias contraditórias e mentirosas. Foi assim quando a Comissão esteve em São Luís nos dias 08 e 09 do corrente mês. Ocorreu o mesmo quando foi solicitado ao Ministro da Justiça a transferência das investigações para Policia Federal. Agiram da mesma forma quando o caso chegou à Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), pelas mãos do Deputado Domingos Dutra. Ou seja, as falhas nas investigações, a não divulgação do retrato falado e a prorrogação das investigações após 35 dias da execução indicam que o mandante do assassinato de Decio Sá pode ter suas pegadas nos jardins do Palácio dos Leões. Os meios de comunicação da oligarquia devem esclarecer porque silenciaram por completo a respeito do assassinato de Décio Sá, funcionário que serviu por mais de 17 anos ao Sistema Mirante de Comunicação, pertencente à oligarquia. Se este crime tivesse ocorrido no governo de Jackson Lago a oligarquia já teria solicitado intervenção federal no Estado;
2 – As tentativas de envolver a advogada e psicóloga NÚBIA DUTRA nas matérias levianas, deve-se à sua crescente  candidatura à prefeitura  de Paço do Lumiar, município onde a oligarquia prepara o NETO DA SERPENTE, Adriano Sarney como candidato a prefeito no lugar de Bia Aroso. Estamos preparados para enfrentar o serpentário inteiro;
3 – É impossível nomear fantasmas na Câmara Federal em face das exigências burocráticas. A quebra do sigilo bancário da pessoa que a oligarquia tenta manipular é suficiente para comprovar que era a mesma quem recebia seus proventos;
4 -  Os meios de comunicação da oligarquia se desmentem a cada mentira: uma hora dizem que  a suposta vítima era doméstica. Outra hora afirmam que esta pessoa era auxiliar de escritório;
5  - A oligarquia que possui muitos detentores de mandatos e há anos, sabe que a forma de tomar posse e da execução do trabalho dos assessores que ficam em Brasília é diferente dos assessores que servem os parlamentares no Estado. Se oligarquia considera que todos os assessores que trabalham no Estado são fantasma desafio a se passar a limpo o que fazem e onde estão os assessores dos parlamentares que lhe representam no Estado do Maranhão;
6 – Como a oligarquia protege os que praticam o trabalho escravo,   exportando maranhenses para serem escravos em outros estados e protegendo o latifúndio no Maranhão,  tentam  desqualificar o papel decisivo que o Deputado Domingos Dutra teve na aprovação da Emenda Constitucional 438/01, referente ao trabalho escravo, afirmando descaradamente que a Dra Núbia Dutra praticava trabalho escravo, reproduzindo informação mentirosa de que a suposta vitima trabalhava agora em um escritório das 8h às 22h e até aos domingos, algo que qualquer imbecil verifica ser impossível;
7 – A má fé dos meios de comunicação da oligarquia revela-se ainda no fato de reproduzir parte da petição inicial da pessoa que tentam manipular, deixando de divulgar o que foi contestado na mencionada ação;
8 – Para desviar o possível envolvimento de setores da oligarquia no assassinato de Décio Sá, os meios de comunicação do Governo do Estado inventam que a pessoa que tenta manipular estaria ameaçada de morte, atribuindo aos signatários um grau de violência incompatível com suas biografias;
9 – Os signatários na hora apropriada ingressarão com as medidas judiciais cabíveis contra todos os que contribuíram com as matérias caluniosas.
 São Luis (MA), 28 de maio de 2012
DOMINGOS DUTRA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara
e
NUBIA DUTRA

Advogada e Psicóloga