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quarta-feira, 28 de março de 2012

Sarney diz em Avesso que não tem ódio, mas excluiu José Reinaldo dos sentimentos nobres

    O senador José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, em entrevista ao escritor Américo Azevedo Neto no programa Avesso (TV Guará - Canal 23), levado ao ar ontem à noite, disse não ter ressentimentos. Esqueceu o sentimento que nutre pelo ex-governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PSB), a quem nunca perdoou por ter-lhe impingido a maior derrota em sua carreira, em outubro de 2006, quando apoiou o pedetista Jackson Lago nas eleições para governador.
    "Consegui nascer com a absoluta incapacidade de ter ódio", disse o senador na abertura da entrevista. A imensurável condescendência do senador eleito pelo Amapá não se aplica ao ex-governador Tavares. Artigos publicados com assinatura do Senador atestam seus sentimentos mais primitivos em relação ao considerado maior adversário de Sarney no estado. Amparando -se nos ensinamentos de  Santo Agostinho para quem a "traição" seria pior dos defeitos humanos, Sarney se colocou na condição de santificado.
    Recordista na história da República brasileira como Senador, Sarney superou até mesmo Rui Barbosa que permaneceu 31 anos na Casa. O senador maranhense está há 36 anos. Desde 1978 não se candidata pelo Maranhão onde comanda o grupo político hegemônico desde 1964, quando se abancou da cadeira de governador do estado.
    Sarney atribuiu a migração para o Amapá a convites e a Renato Archer, que se "transformou naquele tempo" em seu adversário, não lhe dando legenda depois de deixar a Presidência da República. Contou que houve outros convites: do Goiás, de Roraima e do Amazonas. Nessas circunstâncias foi reconduzido duas vezes ao Senado. Disse ainda que compulsoriamente encerrará a carreira aos 85 anos em 2014, mas que não vai sair da política. "Vou continuar na política e pretendo até trazer o meu título para o Maranhão", avisou o senador.
    Na entrevista a Américo Azevedo, Sarney confundiu a pergunta sobre sua passagem pelo Palácio do Planalto com o governo do estado na década de 60, elencando obras de quando o Brasil não tinha nem Itaipu e as estradas federais duas pistas.
     O senador justificou a pobreza do Maranhão como consequência da aridez das terras e disse que a produção de Balsas não representa competitividade com estados onde existem terras férteis. Ao mesmo tempo, desqualificou a utilização, pela oposição a ele no estado, do Índice de Desenvolvimento Humano para constatar a pobreza da população maranhense. Chegou a comparar o baixo IDH do Maranhão ao do Brasil.
    A divulgação da pobreza dos maranhenses pelo governador José Reinaldo Tavares é entendido pelo ex-presidente como pior dano causado ao estado. Mas admitiu que a campanha pegou. Para ele o governo da filha Roseana Sarney está restaurante a auto-estima dos maranhenses.
    O senador revela números desanimadores em relação à refinaria´Premium da Petrobras. "Só na fase de terraplenagem emprega 900 pessoas. No pique da obra vai chegar a 15 mil pessoas", afirmou.
    Por fim conclui a entrevista afirmando que "não parece tão mau quanto os adversários acham".