"O X da Questão" no caso Thor, filho de Eike Batista

Na coluna do Claudio Humberto

PENSANDO BEM......pelo estrago no carro de Thor Batista, que atropelou e matou o ciclista, um dos dois estava em alta velocidade. 

    "Sou apaixonado pela velocidade, por carros e lanchas". Confessa Eike Furhken Batista na introdução de "O X da Questão", livro auto-biográfico do empresário considerado o homem mais rico do Brasil. Eike Batista é pai de Thor e Olin. A eles é dedicada a obra literária publicada pela Primeira Pessoa (braço da Sextante, editora do Rio de Janeiro). Thor no domingo atropelou e matou o ciclista Wanderson Pereira da Silva, 30.

    "O X da Questão" está em primeiro lugar entre os best -seller de VEJA na categoria auto-ajuda e esoterismo. Há doze semanas ocupa a mesma posição.

    Com a colaboração do jornalista Roberto D´Àvila, Eike Batista auto-intitulado maior empreendedor do Brasil, conta sua trajetória em 160 páginas. Conhecido pela sua "megalomina", Batista é parcimonioso nas confissões. De saída, demonstra sua ojeriza por assuntos da intimidade.
    Filho de Eliezer Batista, homem forte da Companhia Vale do Rio Doce quando a mineradora pertencia ao estado brasileiro, Eike duvida que tenha ego avantajado. "Se um dia for inventado o "egômetro", é possível que muita gente se surpreenda", semeia a dúvida o empresário, para mais em frente constatar que "não há perfeição no ser humano".

    Cada um dos 40 capítulos da obras de Eike Batista não excede uma lauda - 25 linhas em corpo 12 na fonte arial. 

    Eike conta que morava em Aacher, na Alemanha, quando iniciou sua carreira de milionário, vendendo diamantes, não se sabe se legalmente. Passagens pelo garimpo Novo Planeta (PA), pela mina Novo Astro (AP), em terras Amazônicas, depois no Morro do Ouro, em Paracatu (Minas Gerais), corroboram a predestinação do engenheiro que não concluiu o curso. Tudo isso, se equilibrando no tênue fio do risco que podia jogá-lo à condição franciscana. "Aceitar o risco é um dom? Possivelmente, sim", responde para si o empresário no capítulo "Rolam as pedras".

   

Lancha de Eike Batista em Angra dos Reis

    O dom de Midas de Eike Basita salta às páginas. Nem mesmo quando ele destila ensinamentos filosóficos zenbudista, constatando que "Nem tudo na vida respeita a lógica, o explicável e o previsível", deixa de reluzir uma personalidade predestinada.

    Responde a si mesmo sobre quem o inspira: "Minha inspiração vem de muitos séculos passados. Alguém já brincou que sou um Indiana Jones de carne e osso... Ao contrário de Indiana Jones eu não sou alguém desapegado de aspectos materiais em minhas incursões por áreas remotas."

    Dominado pelo lucro, o empresário confessa: "Sou um sujeito focado 24 horas por dia em viabilizar meus empreendimentos". Sobretudo à Visão 360 graus, que não se limita à superfície, o empreendedor atribui seu sucesso em conquistar o primeiro US$ 1 bilhão em duas décadas, entre 1980 e 1990. Diz assim enxergar a alma do negócio.

Carro de Thor Batista

    Em determinado momento o empedernido empresário se derrama em pieguismo inimaginável ao capitalista. "Uma empresa não pode se encerrar em si própria, olhar apenas para o próprio umbigo, mirar somente para dentro e se esquecer de seu entorno. Muitas vezes penso numa pessoa que trabalha para mim, qualquer uma , alguém que nunca vi. Apenas fantasio. Imagino seus filhos, onde morra, o que veste ou come. O que faz nas horas de lazer . Penso em seus filhos na escola". Para em seguida derrapar feio ao atribuir a si ser possuidor de um "sentimento muito forte e tocante".

    Como bravata conta o episódio em La Coipa, mina de ouro e prata localizada no início do deserto de Atacama (Chile) onde conseguiu "limpar" os entraves jurídicos que envolviam o empreendimento.

    Eike Batista é soberbo em ensinamentos em "O X da Questão". "Alguém que se desespera em situação de crise, ou não tem a frieza necessária para enfrentar o obstáculo inesperado, se deixará vencer pelo estresse".

    Guiado por esse pensamento o pai de Thor ao afirmar que seu filho dirigindo uma mclarren poderia ser ser vítima da imprudência de Wanderson Pereira, agora morto. 

    O atropelamento do ciclista Wanderson pelo seu filho Thor, é algo que Batista deposita na cota das coisas imponderáveis."Algo que você não vê, mas que está presente em sua vida e nos negócios".
    Eike Batista se considera em um patamar acima dos mortais. A ideia se expressa no nome de batismo dos filho com a diva do samba e passarelas, Luma de Oliveira. "Um sono é um sonho até que se acorde. O homem pode seguir dois caminhos: acalentar esse sonho ou arregaçar as mangas e pensar no que é preciso para torná-lo realidade." barateia a filosofia um dos homens mais ricos do mundo que tem o sol inca como marca de suas empresas.
    Na Visão  360 graus de  Eike Batista chega-se à conclusão atroz de que enfim "O capital é covarde" e que não vale a pena ler o "O X da Questão".