“A Vale continua adotando uma política de dois pesos e duas medidas e uma estratégia de marketing voltada à visibilidade e à imagem (falsa e incompleta) de empresa respeitosa da vida e do meio ambiente”, declaram os entrevistados.
Depois de ser devastada pela exploração ilegal de madeira, a cidade de Açailândia, localizada no interior maranhense, virou refúgio das siderurgias de ferro-gusa e se transformou no “símbolo do desenvolvimento que está ‘puxando’ o Brasil a todo vapor: muita riqueza produzida, mas custos sociais e ambientais elevados”, denunciam o advogado Danilo D’Addio Chammas e o padre Dário Bossi, missionário comboniano.
Críticos à atuação da Vale e das siderúrgicas instaladas ao longo do corredor de Carajás, os entrevistados dizem que as empresas estão gerando impactos socioambientais e interferindo na qualidade do ar, da água e do solo. “Decorrem disso graves doenças pulmonares, alergias de pele, problemas aos olhos”, relatam.
Em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail, eles contam que a instalação da Vale em Açailândia está contribuindo para enriquecer alguns setores, como “a elite político-econômica, os empreendedores locais e também investidores que instalaram empresas ou comércio”. O desenvolvimento local está acontecendo “à custa de muitos bolsões de pobreza, de um ciclo descontrolado de imigração-emigração, ligado aos altos e baixos da oferta de trabalho e às crises nacionais e internacionais”, reiteram.
De acordo com eles, as condições de vida da população local estão piorando em função da construção de uma “segunda Ferrovia de Carajás”. “Os canteiros de obras estão trazendo conflitos, violência, prostituição de crianças e adolescentes, acidentes pelo número muito elevado de carros e máquinas nas proximidades das habitações. Há também ameaça de despejo de algumas famílias que ficariam próximas demais aos trilhos duplicados”, informam.