Pré-candidato a prefeito de São Luís pela terceira vez, o progressista Tadeu Palácio (rindo na foto) tem amnésia seletiva. Durante a entrevista coletiva que concedeu para se oficializar como candidato na manhã de ontem, fez jus à frase: "Tudo posso naquele que me fortalece (Filipinas 4:13)", grafada na parede de fundo da sede do diretório estadual do Partido Progressista.
Ex-pedetista, ex-peemedebista e outras siglas mais que adesivou à imagem pública vendida em sua trajetória política, Tadeu Palácio se arvora em administrador ceo (designação para os bambambans da área). Oftalmologista por formação, Palácio integrou o clube dos milionários tupiniquim após passagem pelo Palácio La Ravardière. Antes, foi morador do bairro Radional, conjunto residencial para classe operária construído na década de 70 pela Cohab e entregue aos "quase-pobres" de então pela primeira-dama do estado, Eney Santana, do governador Pedro Neiva de Santana.
Dos feitos em sua permanência por seis anos na prefeitura de São Luís, Tadeu Palácio destaca a limpeza da cidade, sistema de integração de transportes e a qualidade da merenda escolar. Justiça seja feita: melhoraram no conjunto, mas a um custo alto.
Na limpeza, dobraram os gastos com contratações de empresas de outros estados. O sistema de integração vinha engatinhando desde os tempos da prefeita Conceição Andrade e no governo Jackson Lago obteve recursos federais para ser ampliado. As relações promíscuas com as empresas de transportes, porém, mantiveram o sinal verde aceso: vide o asqueroso monopólio da Taguatur na área Itaqui-Bacanga.
A merenda, outrora servida na rede municipal de ensino, é mérito do lema pedetista. Que o diga o professor Moacir Feitosa, subjugado aos interesses de Palácio, da ex-primeira dama Tati Palácio (comunista de primeira hora), e de seus asseclas, mas eficiente e eficaz no setor mais carente da cidade.
Público e notório foi a prosperidade de Tadeu Palácio, economizando o salário de prefeito em período de crise e percalços mundiais. Mostrou ser um ás do quilate de Bill Gate, Steve Jobbs e outros gênios da nova era. Comprou apartamento na esplanada da Ponta D´Areia, mudou-se depois para o Calhau, construiu hospital faraônico para o filho no complexo do Hospital São Domingo (com direito a morte de operário e tudo), etc, etc, etc. As contas de sua gestão, no entanto, foram rejeitadas pelo TCE, permenor não contabilizado.
Tamanha cintilação o tornou atraente ao grupo Sarney, como acontece com muitos dos novos ricos no Maranhão, como os itaquês e outros bem-sucedidos da vida.
Atender ao chamado do Don do grupo foi o passo seguinte de Tadeu à queda daquele que chamava de pai (Jackson Lago), após descer do palanque de Flávio Dino, e se destituir da faixa de prefeito.
Na secretaria de estado de Turismo, Tadeu Palácio pode por em prática seu lado bonvivant. Aparecer por lá, era coisa rara. Esmerou-se em participações de feiras e virou ariri de eventos all inclusive, a pretexto de divulgar o destino Maranhão, especialmente São Luís.
Caminhasse como os normais pelos paralelepípedros da Rua Portugal que nos levam à Setur do estado, verificaria que as pedras sob seus pés estavam soltando. Só percebeu isso quando Roseana tascou na fuça sua predileção pelo demcorata Max Barros (este sim, nobre de alta estirpe da história "vergonhosa" da política do Maranhão), em plena reunião de secretários. Não deu outra: crispou a face e picou a mula.
Agora se declara de oposição. Diz ter sido moldado no barro da indignação a esse domínio absurdo que nos amesquinha, desde criancinha. É de barro que o ex-secretário de estado de Turismo chama as peças confeccionadas por artesões das regiões ribeirinhas maranhenses, vendidas em mais uma feira abandonada de São Luís, o Ceprama. Aos 64 anos completados nos próximos dias Tadeu Palácio pode até ser o próximo prefeito, incensado por comunistas e outros tais, mas não deixará de ser mais um engodo nessa história de mentiras com mais de 400 anos.