domingo, 28 de outubro de 2018

FERNANDO HADDAD - PELO BRASIL, PELA DEMOCRACIA E PELA PAZ

Fernando Haddad
Sou contra a tortura. Não posso admitir que pessoas sejam fuziladas aqui ou em qualquer lugar do planeta. Não vou fechar o Supremo ou o Congresso nem censurar a imprensa, tampouco prender ou exilar pessoas que pensam diferente de mim, ao contrário das recentes ameaças feitas pelo meu adversário.


Repudio toda e qualquer ditadura. Renovo todos os dias a minha fé na democracia e na liberdade. Respeito todas as crenças religiosas, porque todas que conheço, de uma forma ou de outra, ensinam o mandamento que desde cedo aprendi: "Ama a teu próximo como a ti mesmo". E acho lindas as cores da bandeira do Brasil. 



Jamais imaginei que fosse necessário investir parte preciosa deste pequeno espaço que me cabe à declaração do óbvio. Mas a escalada de ódio, que nesta campanha eleitoral atingiu níveis intoleráveis, me obriga a fazê-lo. O que está em jogo é a escolha entre o nosso direito ao futuro ou o retorno a um dos períodos mais sombrios de nosso passado.



Fui ministro da Educação no governo do ex-presidente Lula, investi em todos os níveis de ensino, da creche à pós-graduação. Construí escolas técnicas e novas universidades públicas. Criei o ProUni e o Fies sem Fiador, para jovens que não podiam arcar com as mensalidades das faculdades privadas. Tudo isso fiz sem tirar a vaga de ninguém. Pelo contrário: nunca tantos brasileiros, de todas as cores e classes sociais, tiveram tanto acesso ao ensino superior.



​Fui também prefeito da maior metrópole da América do Sul e governei para todos os paulistanos, com medidas inovadoras e internacionalmente reconhecidas em gestão, mobilidade urbana e respeito aos direitos humanos. Posso e vou fazer muito mais. 



Meu adversário, ao contrário, é um político profissional. Nada tenho contra os que fazem da política a sua profissão, mas repudio quem a usa como ferramenta de enriquecimento pessoal e plataforma de disseminação do ódio contra adversários, especialmente mulheres, negros e as minorias.

Ele promete combater a violência armando a população, como se ignorasse o fato de que o Brasil é o país com maior número de mortes por armas de fogo em todo o mundo. São 43 mil mortos a cada ano.


Pessoas que reagiram a um assalto, pessoas que morreram por causa de uma simples briga de trânsito ou uma discussão boba entre vizinhos, além das vítimas de disparos acidentais --inclusive crianças que brincavam com o revólver do pai. Diante dessa realidade, botar mais armas nas mãos dos cidadãos é o mesmo que dizer: "Matem-se uns aos outros".



Algumas das mais controversas propostas de meu adversário, reveladas por ele próprio ou pelo comando de sua campanha, dizem respeito à revogação de direitos trabalhistas históricos, a exemplo do 13º salário, cobrança de mensalidades nas universidades federais e imposição de uma reforma tributária que visa beneficiar o grande capital e penalizar ainda mais a classe média e os mais pobres. 



No campo da ética, o que se confirmou, a partir de reportagem publicada por esta Folha, é que sua campanha instalou uma verdadeira fábrica de mentiras, irrigada com dinheiro de caixa 2, para tentar fraudar a eleição com base no disparo em massa de fake news contra mim e minha família



Por tudo isso, e pelo que o Brasil ainda representa no cenário internacional, o mundo inteiro tem os olhos postos sobre nós, para a escolha que faremos neste domingo nas urnas. Não há espaço nem tempo para indecisões. Isentar-se de tamanho compromisso é abrir mão de todos os nossos avanços civilizatórios e dizer "sim" à barbárie. 



Impedir que tal pesadelo se transforme em realidade está ao alcance de nossas mãos, na ponta de nossos dedos. É preciso apertar o 13 e a tecla "confirma". E, a partir desta segunda, trabalhar todos os dias pela pacificação do Brasil e pela construção de um país melhor e mais justo, com crescimento econômico e inclusão social, tendo como alicerces a educação e a geração de empregos. 



Bom voto, e um Brasil feliz para todas e todos.
Fernando Haddad
Candidato à Presidência da República pelo PT; ex-prefeito de São Paulo (2013-2016) e ex-ministro da Educação (2005-2012, governos Lula e Dilma)