sexta-feira, 8 de julho de 2016

Álbum de Ana Cristina César inclui imagens no Maranhão

   







Nos álbuns de fotografia da poeta Ana Cristina Cesar(1952-1983), homenageada deste ano no Festival Internacional de Literatura de Paraty (RJ),Flip que se  encerrou em 3 de julho, constam imagens feitas no Maranhão na década de 70. Ana C chegou s Aão Luís a bordo da turma de O Pasquim. João do Vale acompanhava o pessoal do semanário. O convite foi feito pelo então prefeito de São Luís, Haroldo Tavares. O Pasquim enfrentava a ditadura com pilhérias e escárnio com as tintas de Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e outros bambas. As imagens de Ana C no Maranhão estão guardadas pelo Instituto Moreira Salles. Podem ser acessadas pela internet.
     Ana C  esteve no Maranhão em 1972. Passou pela terra natal de João do Vale, Pedreiras. Pisando em flores, deve ter percorrido a pés a rua da Golada. Os registros da passagem da poeta pelo estado estão em fotografias do acervo do Instituto Moreira Sales, no Rio de Janeiro. Ana C faz parte da galeria de poetas da geração beat no Brasil.
    Contemporânea da geração de poetas marginais, divulgando o trabalho a partir do estêncil – material que ficou no passado e desconhecido por grande parte das gerações pós 70 -, como os baianos Waly Salomão e Capinan, o piauiense Torquato Neto e outras expressões que permaneceram na cena. Esteve in passant no Nuvem cigana, um coletivo carioca de poesia que funcionou durante uma década a partir de 1965.
    Sua estreia em livros foi com “Cenas de Abril” e “Correspondência completa”, ambo de 1979. Mais tarde veio “A teus pés”, em Cantadas Literárias da Brasiliense.  As cantadas da editora revelou para o público nomes como Caio Fernando Abreu e Marcelo Rubens Paiva. “Inéditos e Dispersos”, de 1985, reunindo poesia e prosa de AC, foi o primeiro “arremedo de resgate” organizado por Armando Freitas Filho para preencher a ausência viva da poeta.
Toda a obra de Ana C está em Poética, antologia de 2013 lançada pela Companhia das Letras. Está tudo lá. Todos os guardados da pasta rosa. Inclusive os cadernos de viagens. Pedreiras está neste diário de bordo.
    A proposta de aproximar-se o mais possível do leitor não descontruía em Ana C a consciência de que a poesia não deve jamais render-se à banalidade.
Com 30 anos, Ana C desistiu de continuar com a vida.
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência imortal
Fagulha

“As palavras escorrem como líquido, lubrificando passagens ressentidas”
Conto de Natal

Sou uma mulher do século XIX
Disfarçada em século XX
Como chapeuzinho

As mulheres e as crianças
São as últimas que desistem de afundar navios
Cartilha da cura

Tenho ciúmes deste cigarro que você fuma
Tão distraidamente
Ciúmes
O nome morto vira lápide
falsa impressão de eternidade pé