sábado, 9 de maio de 2015

Políticos do Brasil: ‘Se não for corrupto, mal se sustenta’, diz vereador

LETICIA FERNANDES leticia. fernandes@ oglobo.com. br

Político do Pará afirma que, sem corrupção, não consegue sobreviver; ele recebe 13 salários mínimos por mês

O vereador Odilon Rocha de Sanção (SD), de Parauapebas, no Pará, causou polêmica na sessão realizada na Câmara no dia 24 de abril, quando disse que o salário de R$ 10 mil, o equivalente a quase 13 salários mínimos, é “insignificante”. Em pronunciamento na tribuna, ele questionou o rendimento dos vereadores e disse que, “se não for corrupto, ele (o vereador) mal se sustenta”.
— Eu nunca tinha pensado na minha vida, e eu pensei seriamente se vale a pena ser vereador ou se não vale a pena. Gente, tem coisas que é insignificante em função da outra ( sic). O valor que o vereador ganha aqui, se ele não for corrupto, não tenha nenhuma dúvida de que ele mal se sustenta durante o ano, durante o mês — afirmou o político.
O vídeo com as declarações de Sanção, que está em seu quinto mandato como vereador, ganhou força nas redes sociais e foi alvo de reclamação de moradores da cidade até no Facebook oficial da prefeitura de Parauapebas.
SALÁRIO CHEGA A R$ 13,8 MIL
Os 15 vereadores do município que tem pouco mais de 183 mil habitantes recebem o valor bruto de R$ 10.013. Somando esses proventos às ajudas de custo mensais, como verba para despesas com combustível (R$ 2.800) e telefone (R$ 1 mil), o salário chega a R$ 13.813, ou nada menos do que 17 salários mínimos. Os políticos ainda têm direito a uma caminhonete alugada pela Câmara e a diárias para viagens. Elas variam de R$ 300 a R$ 800 por mês.
Diante da repercussão negativa, Sanção tentou se explicar anteontem, mas voltou a dizer que, com o salário que recebe, “mal dá para sobreviver”.
— O vereador, para sobreviver com o salár io de R$ 7.800 ( valor depois dos descontos) aqui dentro desta Casa, com o padrão de vida que depois de eleito ele tem, e não sou só eu, a gente mal dá para sobreviver — disse ao “G1”.
Sanção afirmou ainda que não quis chamar nenhum colega de corrupto, mas que apenas questionou o salário dos vereadores em comparação com outros cargos públicos:
— Se for para eu sobreviver apenas com esse salário, com certeza absoluta eu não teria o padrão de vida que levo hoje.
Apesar da polêmica, o presidente da Câmara de Parauapebas, Ivanaldo Braz, também do Solidariedade, defendeu o correligionário ao “G1”:
— A declaração dele não foi só a parte do vídeo. Ele dá a explicação total. O vereador, em sequência, explicou a linha da raciocínio dele, e comparou o salário com o dos secretários.