quarta-feira, 25 de março de 2015

Bita do Barão confessa em "Gonzo!" que faz magia negra por dinheiro

Foto: Christian Gaul
                    Janaína Nonato e o Mestre Bita, Barão de Guaré

O pai de santo Bita do Barão, batizado na igreja católica como Wilson Nonato de Souza, revela ao jornalista Arthur Veríssimo que apesar de não gostar, é procurado e faz magia negra por dinheiro. A revelação está no livro “Gonzo!” (Realejo Livro, 2014), obra comemorativa dos 30 anos de atividade jornalística do autor, inspirado no estilo criado pelo norte-americano Hunter Thompson. As 30 reportagens reunidas no volume foram publicadas na revista Trip.


No capítulo 17 do livro, sob o título “Bat-Macumba”, Arthur Veríssimo desvenda no estilo jornalístico narrativo de ação sua passagem pela tenda de terecó do personal guru da família Sarney. Diz que quase incorporou o caboclo sete flechas.
O jornalista foi recebido pelo maior pai de santo do Brasil, Bita do Barão, na tenda espírita de umbanda Rainha Iemanjá, em Codó, 290 quilômetros distante da capital, São Luís. Segundo confirma Veríssimo, Codó é conhecida em todo Brasil com as denominação de Terra do Feitiço, Meca da Macumba, Capital da Magia Negra, etc.  Pelas estatísticas levantadas por Arthur Veríssimo, em Codó estão em atividades 260 terreiros (tendas de umbandas), além de 200 “mesinhas” (nas internas).
Convidado a participar da festança de Santa Bárbara (Iansã), Veríssimo foi à cidade acompanhado do fotógrafo Christian Gaul. Na preparação preliminar para o encontro com Bita, o jornalista se jogou na leitura de “O Dono do Mar”, de José Sarney. “Por incrível que pareça, o ex-presidente é um baita contador de histórias”, encanta-se o descontraído Veríssimo.
A conversa entre o pai de santo e o jornalista aconteceu no megaterreiro de Bita, na rua Rui Barbosa, 209, centro de Codó. O tema macabro é tratado no subtítulo “Sarney pra se coçar”. “Comenta-se que o senhor teria feiro um despacho para o Sarney assumir a presidência no lugar de Tancredo (em 21 de abril de 1985, morreu Tancredo Neves e, em seu lugar, assumiu o vice, José Sarney). O senhor fez”, pergunta Veríssimo ao mestre que responde depois de bocejar: “Não, senhor. E, se tivesse feito, não falaria. Não tenho nada a ver com isso e não quero nem falar. Que Deus tenha o Tancredo lá junto dele, pronto”, roga Bita.
Mais adiante, o pai-de-santo admite: “Não gosto de fazer vingança, mas sou procurado. Para ganhar dinheiro, faço. De morte, não seu te falar. Todo mundo sabe que macumbeiro bom faz essas coisas e que sou meio quente na macumba. Para crescer o nome, tem que fazer alguma para provar. Mas não boto meu nome lá na história, nunca tive ódio de ninguém. Quando faço, é o cliente que está fazendo, estou apenas dando o recado”, revela o Barão de Guaré que diz incorporar dezenas de santos.