domingo, 12 de maio de 2013

Paul McCartney em Fortaleza lustra auréola dos Beatles

    Como o efeito de um antibiótico, somente após 72 horas posso deixar minhas impressões sobre o show de Paul McCartney no Arena Castelão, em Fortaleza (CE). Sem carteirinha de beatlemaníaco, preferindo os Stones desde sempre, confesso ter experimentado lances de extrema emoção como expectador de um momento ímpar, compartilhado por milhares outras pessoas que ali estiveram. 
McCartney no Arena Castelão
     Às 00h17 de sexta-feira, 10 de maio de 2013, o Ex-Beatles Paul McCartney avisou que chegara a "hora de vazar".  O tempo,porém, permanecia suspenso para a multidão de gerações diluídas no mesmo espaço. Na era das bandas largas, dos megas e gigas, o ex-Beatles, atuando com quatro músicos aos 71 anos e sem tomar um gole d´água, mostrou a vitalidade que só a arte concede aos homens.
Live and Let Die e a apoteose no Arena Castelão
            Após ocupar o palco montado na Arena Castelão por 2h42, o inglês se despedia do Brasil em 2013. Quando iniciou a jornada musical às 21h34, cantando "Eights days a week" já tinha a plateia sob controle emocional. Dali em diante debulharia um repertório sem joios. Elevando às alturas mais de 50 mil habitantes do planeta. Ali estavam para vê-lo, brasileiros nordestinos, gente de outras regiões do país, portugueses, argentinos, italianos e de outras partes do mundo. Definitivamente um encontro com um ícone pop da metade do Século XX e neste limiar do 21. Um sobrevivente de um geração que sonhou e viu o sonho acabar com o fim da guerra fria, por mais irônico que isso seja.
Sargento Pepper em solo cearense
  McCartney é sir. Não apenas por ser inglês de nascença e ter colado o título nobiliárquico pela magnânime posição que ocupa no cenário cultural do planeta Terra há meio século, mas por ser senhor do seu e de todos os tempos. Em "Out There", nome da excursão que se encerrou no Brasil em uma das cidades que sediará a Copa do Mundo de 2014, Paul McCartney enalteceu a eterna deusa música, aquele entidade que a tudo precede, conforme o poeta surrealista André Breton.
    Do repertório impecável cantou  "All My Loving", "We Can Work It Out", "Yesterday", "Hey Jude", "Let It Be", "Back in the URSS", "Eleanor Rigby","Get Back", "Lady Madonna", "Another Day", "Blackbird" , momento sublime do show; "Something", emocionante homenagem a George Harrison; "Here Today", dedicada a John Lennon, e outras com copyright Beatles. Da fase solo "Maybe i´m Amazed", em memória à falecida Linda Eastman, "Let me roll it","Band on the run" e mais algumas canções.
    Diante da arte ali latente era possível relevar os problemas de desorganização do poder público. O ex-Beatles deixou para trás, além das músicas, expressões em português como "botar boneco", "eita mah", as saudações cordiais previsíveis, e satisfeitos súditos  de outros reis com coroas que reputam halos. Ao menos em termos de arte.   



Paul McCartney ao vivaço no Arena Castelão: