quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Lobão tenta ignorar crise no setor elétrico. E não convence


Ministro de Minas e Energia reuniu-se com a presidente nesta quinta, mas negou que o encontro tenha servido para discutir o risco de racionamento

Edison Lobão: ministro volta a minimizar efeitos da crise no setor elétrico (José Cruz/Agência Brasil)

 

A presidente Dilma Rousseff não compareceu à reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico na quarta-feira, mas recebeu o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na manhã desta quinta no Palácio do Planalto. Apesar de o encontro ocorrer em meio a um cenário de incerteza no setor, a versão oficial informada pelo ministro é de que o tema "racionamento" sequer foi tratado. O discurso do ministro é uma nova tentativa do governo de minimizar os riscos provocados pela situação calamitosa dos reservatórios das hidrelétricas nacionais.
     O encontro com Lobão foi o primeiro compromisso oficial da presidente no Palácio do Planalto em 2013. Na saída, Lobão tentou convencer os jornalistas de que, durante as duas horas do encontro, a situação do sistema elétrico não foi levantada. Em entrevista coletiva após a reunião com a presidente, o ministro se recusou a tratar da questão dos níveis dos reservatórios. "Estivemos hoje com ela por quase duas horas. Não se tratou desse assunto", afirmou, de forma pouco convincente. 
Novos leilões - Como parte da estratégia do governo para mudar o foco do noticiário sobre o risco de racionamento, Lobão anunciou que o governo vai leiloar mais 172 blocos de exploração do petróleo - o que não inclui a camada pré-sal. A medida, que corresponde à 11ª rodada de oferta dessas áreas, foi assinada pela presidente Dilma Rousseff nesta quinta. A licitação deve ocorrer em maio. O leilão já havia sido anunciado anteriormente e a novidade é a assinatura da autorização.
     Por outro lado, o governo cancelou definitivamente a 8ª rodada de licitação de campos de petróleo, que incluía o pré-sal. Como o Congresso estabeleceu que a exploração dessas áreas precisa ser feita em um novo regime de partilha dos royalties, o resultado dessa rodada se tornou inócuo. "Ficou legalmente inviável nós assinarmos um contrato de concessão numa área em que a lei do Brasil diz que só pode haver partilha", afirmou Magda Chambriard, diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), durante a coletiva.
     O governo também anunciou nesta quinta que vai abrir licitação para a exploração do gás de xisto, que é o insumo extraído das rochas. As avaliações iniciais dão conta de que o Brasil tem potencial para produzir até 500 trilhões de pés cúbicos (pouco mais de 14 trilhões de metros cúbicos) do gás. O ministro de Minas e Energia negou que a compra tenha a ver com problemas de abastecimento nas usinas termelétricas: "Uma coisa nada tem a ver com a outra. Absolutamente nada. Nós queremos produzir cada vez mais gás no Brasil. E estamos produzindo energia elétrica na medida das necessidades brasileiras", disse Lobão.
De VEJA