quarta-feira, 28 de março de 2012

O imbróglio pedetista e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - Igor Lago

Desde que denúncias de corrupção atingiram ex-assessores e o próprio ex-ministro Carlos Lupi e que culminaram com a sua demissão no dia 04 de dezembro de 2011, já se passaram 112 dias e, ao que nos consta, a Presidente da República ainda não decidiu sobre o que fazer : se deixa o atual interino que, diga-se de passagem, é de estrita confiança do ex-ministro, se nomeia outro do PDT ou não, etc.
    Enquanto isso, o ex-ministro continua dando as cartas num ministério campeão de convênios irregulares, conforme relatório recente da Controladoria Geral da União e, infelizmente, no PDT, partido que dirige como um chefe sem brilho de liderança política maior desde o falecimento do ex-governador Leonel Brizola em 2004, com o auxílio de seu fiel operador e escudeiro, o eterno secretário geral nacional Manoel Dias (ocupante deste cargo desde 1999!).
    Depois de todo o ocorrido, Carlos Lupi não teve nenhuma hesitação em retomar a presidência do PDT no dia 09 de janeiro passado quando, em reunião com alguns membros da Executiva Nacional, decidiu de forma vingativa e arbitrária, a não prorrogação da Comissão Provisória Estadual do Maranhão- que presidíamos a convite da maioria dos membros da Comissão deixada pelo ex-governador Jackson Lago-, optando por uma minoria que não tem outro interesse político a não ser os próprios, mesmo que comprometa o futuro de nossa agremiação histórica. O esbulho é justificado pela necessidade de controle cartorial do partido.
    Até os Arcos da Lapa sabem que foi uma retaliação por nosso comportamento diante da crise que o envolveu e a seus assessores (Manoel Dias afirmou a alguns companheiros de nosso Partido que o Igor Lago não poderia continuar à frente do PDT pelas declarações que contrariaram muito ao Ministro!) e, consequentemente, o próprio governo Dilma e o nosso Partido.
    Cometeu assim, uma grande violência ao PDT maranhense ao deixá-lo na informalidade por dois meses e meio, uma vez que só deixou para formalizar essa decisão no dia 16 de fevereiro passado, o que comprova uma de suas principais características, a da dissimulação.
    De forma semelhante a outros membros de nosso Partido, inclusive senadores, sou da opinião de que seria melhor para o PDT ficar sem o Ministério. O PDT deveria ficar numa posição mais confortável em relação ao governo Dilma, votando a favor das matérias mais importantes e favoráveis ao nosso País, votando contra aquelas que tenham o sentido contrário. Assim, o PDT ganharia todas as condições de realizar uma grande reflexão sobre a sua trajetória e o seu papel sem as influências da estrutura de Estado, desatrelando-se desta e fazendo com que surgisse um ambiente mais propício ao exercício da verdadeira militância nacionalista, democrática e trabalhista que sempre caracterizaram o nosso Partido.
    Enquanto lemos e ouvimos na mídia o vai-e-vem sobre quem será nomeado, o ex-ministro continua aprontando das suas: Quer porque quer fazer com que a presidente nomeie o seu fiel escudeiro Manoel Dias, em detrimento de dois outros membros, os deputados federais Brizola Neto e Vieira da Cunha.
    Será que não passa pela cabeça dos senhores donos de nosso partido (Carlos Lupi e Manoel Dias) que a Presidente poderia, assim, estar apenas trocando seis por meia dúzia? Logo agora que ela está querendo tomar a “vassourinha” do Jânio Quadros...
Igor Lago
Ex-presidente da Comissão Provisória do PDT-MA;
Membro do Diretório Nacional do PDT;
Membro do Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago.
27 de março de 2012.