domingo, 19 de fevereiro de 2012

Cayena também lembra dos índios durante o carnaval

Simão Cirineu, guia de turismo do Maranhão, em Caiena
   Ainda colônia francesa na América do Sul no século XXI, a Guiana Francesa (La Guyane) tem em comum com o Brasil a realização do carnaval, outras festas e agruras a mais. Em Cayena, a capital, o carnaval fora de época é chamado Mi-Carême com forte presença das crianças. É claro que não faltam brasileiras no desfile carnavalesco.

    O guia de turismo do Maranhão, Simão Cirineu, conferiu de perto a Mi-Carême.. Sua presença na cidade foi registrada no jornal France-Guyane. A Mi-Carême é um minipercurso pelas ruas da cidade realizada entre o fim do carnaval e o sábado de "Glória", o sábado de Aleluiu dos brasileiros, antes do domingo de Páscoa. O dia é reservado para a quebra do jejum e da abstinência, onde todos podem se fartar à vontade, principalmente comendo bastante carne, manger gras,na expressão em francês.

    Uma das semelhanças do carnaval de Cayene com o de São Luís, cidade onde os franceses também tentaram instalar uma colônia, são as tribos de índios. Na Guiana Francesa como no território do Maranhão a presença dos índios no passado era marcante. Hoje estão mais no carnaval que nas florestas. A festa termina pontualmente à meia-noite. Não há tolerância.


Tribo de ìndios Tupinambá, do Anjo da Guarda, em São Luís (MA

Na Secretaria de Estado da Cultura estão inscritas 13 tribos de índios que se apresentam exclusivamente no período de carnaval. Os grupos não participam do concurso oficial de passarela, mesmo assim desfilam para o público das arquibancadas, abrindo a programação dos dias de carnaval.
A Sioux de seu Beto é a tribo mais antiga no carnaval maranhense. Participa do carnaval há mais de meio século. Por ela passou Zé Ilha. Depois dela vieram outras até a Guarany, criada em 1978. Houve época, na era de ouro do carnaval maranhense, em que 42 tribos de índios desfilavam durante o carnaval pela cidade.
Assim como outras agremiações carnavalescas no carnaval de 2012 as tribos prestam homenagem à fundação da cidade de São Luís. A tribo Tupinambás desfila pelas ruas com o tema “400 anos de Resistência e tradição”, um alerta para a preservação da brincadeira mais original do carnaval maranhense.

Zé Ilha, o cacique
Dos 70 anos de idade, José Ribamar Alves, o cacique  Zé Ilha,  reservou 54 para se dedicar à brincadeira carnavalesca. Falar em tribo de índios hoje em São Luís é citar Zé Ilha. Ele resistiu durante anos a fio mantendo do próprio bolso a brincadeira tal qual os índios de verdade ameaçada de extinção.
Nascido em São Bento, na Baixada Maranhense, Zé Ilha foi professor de natação do Casino Maranhense, halterofilista e lutador de luta livre até se aposentar.
Na década de 70, Zé Ilha se mudou para a zona portuária da cidade. Na área do Itaqui-Bacanga gerou outras tribos. Com a saúde debilitada o carnavalesco embora fique distante do carnaval em 2012 será lembrado como símbolo da resistência. Embora afastado ele estará presente no carmnaval de 2012 com a tribo de índios Guarany. Para dar prosseguimento à tradição passou o bastão para o filho, Júnior Alves, da Tribo Tupiniquins, no carnaval desde 1998.
As tribos de índios
Carajás
Curumim
Guajajaras
Guarany
Itapoan
Kamayuara
Sioux
Tapiaca-Uhu
Tupiniquins
Tupynambá do Iguaíba
Tupynambás do Anjo da Guarda
Upaon-Açu